PENSAMENTOS

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Uma corrida e uns bolinhos

A princípio era uma corrida comum, uma boa corrida por sinal, Flamengo - Pavuna. O passageiro era meu xará. Simpático e educado, estava com a esposa rumo a casa do sogro. Papo tranquilo e agradável e algumas dicas de itinerário. O percurso era longo, pegamos a Avenida Brasil e Dutra pra chegarmos rápido. Chegando no local, saio do carro pra ajudar a pegar várias bolsas colocadas na mala. O passageiro pede que aguarde pois iria continuar a corrida, eu estava no momento "apertado pra ir ao banheiro", não exitei e pedi,... pedido aceito. Volto aliviado pro carro pra aguardar o passageiro. O mesmo aparece pedindo que eu entre na casa pra fazer um brinde de Natal com eles, regado a bolinho de bacalhau e Coca Cola!...fiquei sem graça e não aceitei, a insistência do cliente agregada a fome do momento (hora do almoço) me ganharam...rsrs. Entrei na casa e constato uma família simples e feliz, um gesto que me marcou pela simplicidade, simpatia e desprendimento. Ato muito típico do subúrbio carioca, lugar que ainda encontramos pessoas do bem, solidárias e altivez ao calor humano. Uma realidade que dificilmente ocorreria com moradores da zona sul carioca. O passageiro foi nascido e criado no subúrbio, mesmo morando hoje na zona sul do Rio, conservou a cultura da zona norte da cidade. Coisas como essas são cada vez mais raras no mundo de hoje e merecem o devido destaque. Fiz minha parte. O espirito natalino continua vivo! Até a próxima.

sábado, 17 de junho de 2017

O celular caro

Pego uma jovem desesperada na rua, ansiedade a flor da pele. Aparentava não mais que 22 anos. Estávamos na Urca. A jovem me pergunta se aceito cartão de débito, respondo que sim. Ela precisava chegar rápido na barra, comprara um celular pra dar de presente via internet e só tinha uma peça na loja do DownTown. Fiz a minha parte, andei o mais rápido possível sempre ligado nos caças níqueis da indústria das multas. Chegando ao local o taxímetro marcava R$59,00 viemos bem, trânsito bom e papo agradável. Faltava 10 min pra loja fechar, durante percurso emprestei meu celular pra moça pois a mesma alegava que o dela estava sem bateria e eu não tinha o carregador no carro. Fez uso do meu aparelho pra falar com o vendedor da loja que a aguardasse pois já estava a caminho de táxi. Ao descer do carro foi direto pra loja e me deixou esperando. Imaginei que iria voltar comigo. Pra quem iria apenas pegar um celular 10 min de espera é um tanto exagerado, notei que alguns acessórios faziam parte de novas compras, melhor pro vendedor que esperou pela cliente e faturou mais. A moça retorna eu abro a porta do carro como de costume pra ela entrar e sou avisado que a viagem não prosseguiria, ela iria ficar no shopping pra aguardar uma pessoa. Ela me passa seu cartão pra cobrar a corrida no débito como previamente combinado. Mesmo o relógio já marcando R$65,00 devido a espera, cobrei pelo valor marcado na chegada e pra espanto geral da nação o cartão não passou!
- Moça não autorizado! ....
- Como assim! Eu tenho saldo na conta, será que não é problema na sua máquina?..., indaga-me a jovem.
- Não senhorita usei a máquina hoje normalmente.
- O senhor tem conta no Banco do Brasil eu te transfiro o dinheiro agora via aplicativo.
- Tenho sim, anota aí.
- í moço mas eu estou sem bateria,.....  (bendita tecnologia quando funciona)
- Já sei, vou pedir ao vendedor da loja pra dar uma carguinha só pra te pagar.
Voltamos pra loja já arreando as portas. Conectado no carregador a jovem liga seu celular  entra no app do banco e constata que está sem internet também..... ( hora do sorriso amarelo)
- Moço passa a senha do Wi-Fi da loja, pede a jovem.
-  Eu não posso dar a senha diz o vendedor, ordem da gerência. O máximo que posso fazer e colocar e depois retirar do seu aparelho.
A jovem da o celular ao vendedor ele põe a senha. ... Ufa! Agora vai, potência de internet ligado na tomada. ( Espectativa, ... eu ela e o vendedor olhando pra inicialização de um app de banco)
Nada feito. "Erro na operação" ... Essa era a mensagem dada pelo app do banco.
Aí começa aqueles papos de críticos da informática. Quando dou conta já estávamos falando de versões do Android, aparelho bom e ruim, banco que presta e que não presta, virou um debate na loja até com a presença do gerente e toda equipe de vendas. Todos interessados em saber como esse homem vai receber sua corrida.
Querendo resolver logo o problema lembrei-me do velho amigo que já me salvou muitas vezes. O cheque!
- Moça faz o seguinte me paga com um cheque!  ( Espectativa geral na loja)
- Eu não tenho cheque!!! ( Frustração geral)
De repente surge a solução esperada! ....
Se vocês correrem tem uma máquina 24h lá no fundo do shopping, diz o vendedor.
Lá fomos nós de passo apertado rumo ao caixa eletrônico.  A jovem coloca o cartão tenta fazer operação de saque e transferência e não consegue. Aí pra mim foi o limite. Percebi que a moça não tinha dinheiro mesmo. Estava aflita trocando mensagem com alguém via SMS com a pouca carga que deu no celular durante estada na loja. Alguma coisa não deu certo no planejamento dela pois a fúria era nítida no seu semblante.
- Como vamos resolver nosso problema? Já passa de 40 min desde que chegamos, vou pagar estacionamento e você precisa acertar comigo.
Então a jovem me pergunta se eu aceitaria cartão de crédito. Embora não tenha sido o combinado eu disse que aceitaria pra resolver o problema. Passei o cartão e recebi meu serviço. Notei que a preocupação da jovem aumentou mais ainda. Perguntei a ela se voltaria pra casa de táxi devido a hora, me respondeu que não. Ficou a dúvida porque tanta preocupação e nervosismo após me pagar e porquê não resolveu antes, já que ela sabia que estava sem dinheiro.
Até a próxima.

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Será que taxista pensa?

Será que taxista pensa?
Primeiro, revolucionaram o mercado na implantação das cooperativas. Depois erraram em fecharem-se em si mesma, foram surpreendidos pelos app's de celular que iniciaram como ferramenta de trabalho e agora se tornam controladores do mercado. Começaram a dar descontos num serviço de utilidade pública regulado pelo Estado em função de uma ilegalidade permitida pelo próprio Estado! Onde mais se vê isso? Já não recebem na hora, são descontados de taxas financeiras e perderam os usuários de táxi para os App's que criaram faixas de preços e serviços de transporte incluindo carros particulares.  Não bastasse isso, ... agora estão sendo convidados a aceitar os descontos e esperar por REEMBOLSO!!!... É serio isso! Vocês viraram financeiras dos App's que receberam aporte de capital de milhões e vão ajudar a competição entre elas favorecendo seus fluxos de caixa e prejudicando o seu, o que mais estarão dando no futuro?

domingo, 23 de abril de 2017

A morte da praça

Antigamente os usuários de táxi, principalmente no Rio de Janeiro, tinham a preocupação de pegar carros de cooperativas. Quando faziam sinal na rua observavam se havia adesivos colados nas laterais dos carros, era uma garantia a mais, pois sabiam que pertencia a alguma cooperativa, associação ou ponto de táxi. Muitos colegas taxistas de forma covarde à época, ... por ser uma inverdade!, ... diziam que táxis sem adesivos eram piratas e não eram seguros! Lembram disso colegas? Como as coisas mudam não é mesmo?Hoje temos uma grande verdade pra dizer. Não há mais nenhum táxi pirata rodando. Com ou sem adesivo! Não vale mais a pena gastar com um "kit pirata" ( pintura, bigorrilho, taxímetro, selo falso, adesivo falso ) Todos os piratas que rodavam nos táxis foram pros App's de carros particulares. A praça legalizada está limpa graças a eles! E o que aconteceu com os passageiros? .... rs Foram usar os carros piratas! Não é incrível isso? Eles agora pegam carros sem adesivo, com vidro preto, placa cinza, até de outras cidades! carros novos, carros velhos, nem reclamam mais como reclamavam do Santana, lembram disso! É surreal, pra não dizer trágico cômico! Tudo isso travestido e mascarado pela palavra mágica do liberalismo: " Liberdade Direito de Escolha e Livre Mercado" Guardem bem essa frase pois ouviremos muito isso daqui pra frente... Quanto a nós, pobres taxistas mortais, legalizados e cumpridores dos nossos deveres, vamos amargurando os vícios do nosso passado. O ponto público que achamos ser nosso; porque vendíamos vaga! e tinha gente que comprava! A caixinha da fiscalização!, Os títulos caríssimos das boas cooperativas que faziam sua reserva de mercado e de clientes dificultando a divisão do bolo queimando corridas e piorando na eficiência do atendimento aos clientes, o mal colega profissional que negava corrida curta, fumava no carro, ouvia som auto, não se vestia decentemente sindicatos omissos e obscuros sem nenhuma moral pra limpar passados de interesses dúbios, exploradores de permissões públicas e o regime extorsivo das diárias. Tudo isso fruto de um regime capitalista selvagem. Apenas esquecemos que o mundo dá volta e nesse sistema sempre aparecerá um mais forte que você. Que aprendamos com nossos próprios erros; pro bem da evolução, por um ideal vivo da verdadeira libertação, a UNIÃO, que ela chegue breve, pois o caixão está encomendado.

sábado, 22 de abril de 2017

Renegado

Vinha devagar, observando a rua e fazendo minhas reflexões. Dois táxis a minha frente, ambos livres como eu. Observo um senhor no fim da rua a fazer sinal. Os dois táxis a minha frente não pararam, fiquei atento, observei. Era um senhor de idade com um copo na mão chapéu de couro estilo Lampião. A mão esticada esperando alguém parar. Parei pra ele. Homem bem simples, roupas maltrapilhas já embriagado. Senta na frente e pergunta se posso levá-lo a Feira de São Cristóvão. - "Claro que posso!". No caminho ouço o desabafo a dor e solidão de um catador de papel. Viúvo a 3 anos sem filhos e desprezado por familiares. A feira era seu refúgio pra extravasar, quem sabe até arrumar uma namorada!, - " Ele sorriu quando falei isso". O percurso foi bem curto, mas bom o suficiente pra escrever essas poucas linhas. Fiquei sem jeito de cobrar, ele fez questão de pagar, ainda elogiou o meu ar, dormiria no meu carro se tão caro não fosse ficar.
Não há aparência que não tenha uma história de vida por trás, tudo depende do nosso olhar.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Patrocínio do Táxi

Ontem devido ao tempo abafado, logo após o término do jogo Flamengo x Fluminense, resolvi tomar uma cerveja num bar próximo a minha casa. Ao chegar no local era óbvio o clima de zoação entre Tricolores e Flamenguistas, normal! faz parte do grande espetáculo que foi o jogo do clássico da paz. Quase no término da minha cerveja, chegam dois rapazes com camisa do Flamengo e perguntam ao dono do bar se aceita cartão de débito ou crédito. O dono do bar responde que sim. O jovem rapaz tira o cartão do bolso e pede uma garrafa de água com gás. - " Débito ou crédito meu jovem?" - "Débito!"... responde o jovem. Observo que o cartão não passou e percebo sua cara de sem graça. - "Não aprovado jovem!" ... diz o dono do bar. - " Tenta no Crédito!" ... pede novamente o jovem.... Mais uma vez o cartão não passa. Dessa vez o jovem me olhou e percebeu que estava acompanhando tudo, ficou sem graça diante do fato. Não satisfeito e com sede, ele chama o seu colega e pede pra passar o cartão dele. Sem sucesso! o cartão do colega também não passou nas duas opções..... "risos do dono do bar" - "Tá feia a coisa em amigo, além de perderem o jogo vão ficar com sede!!!!" ... brincou o dono do bar. Os jovens se justificam: - " Não cara, sabe o que foi, nós compramos os ingressos com cartão e andamos muito de UBER, o cara que nos trouxe agora não tinha água no carro!" Quando ouvi isso não me contive e me apresentei a ele. - "Boa noite meu jovem, ficar com sede é algo que muito me incomoda, como sou Flamenguista como você e também gosto muito de água com gás me ofereço a te pagar essa água" Pedi duas garrafas de água pro dono do bar e dei aos rapazes. Prontamente me agradecerem e começaram a falar do jogo comigo. Como não queria me alongar no assunto e já estava no fim da minha gelada disse a eles: - " Pois é rapaz, a UBER está patrocinando nosso time, você é usuário do serviço, o serviço e o motorista não tinham água pra te oferecer, diante de tudo isso posso te pedir uma coisa em troca à seu pedido de agradecimento?- " Pode, claro!" diz o jovem. .... - Não ande mais de UBER, porque se não, o taxista aqui não vai conseguir pagar mais nem minha cerveja quanto mais a sua água!" .... Ganhei um abraço e ganhei o meu dia.

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- Cientista Político - Graduado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO - Colaborador do ECOPOL - Núcleo de estudos econômicos e políticas públicas, nas relações entre Capital e Estado (Nelutas - UNIRIO)

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