PENSAMENTOS

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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Uma corrida e uns bolinhos

A princípio era uma corrida comum, uma boa corrida por sinal, Flamengo - Pavuna. O passageiro era meu xará. Simpático e educado, estava com a esposa rumo a casa do sogro. Papo tranquilo e agradável e algumas dicas de itinerário. O percurso era longo, pegamos a Avenida Brasil e Dutra pra chegarmos rápido. Chegando no local, saio do carro pra ajudar a pegar várias bolsas colocadas na mala. O passageiro pede que aguarde pois iria continuar a corrida, eu estava no momento "apertado pra ir ao banheiro", não exitei e pedi,... pedido aceito. Volto aliviado pro carro pra aguardar o passageiro. O mesmo aparece pedindo que eu entre na casa pra fazer um brinde de Natal com eles, regado a bolinho de bacalhau e Coca Cola!...fiquei sem graça e não aceitei, a insistência do cliente agregada a fome do momento (hora do almoço) me ganharam...rsrs. Entrei na casa e constato uma família simples e feliz, um gesto que me marcou pela simplicidade, simpatia e desprendimento. Ato muito típico do subúrbio carioca, lugar que ainda encontramos pessoas do bem, solidárias e altivez ao calor humano. Uma realidade que dificilmente ocorreria com moradores da zona sul carioca. O passageiro foi nascido e criado no subúrbio, mesmo morando hoje na zona sul do Rio, conservou a cultura da zona norte da cidade. Coisas como essas são cada vez mais raras no mundo de hoje e merecem o devido destaque. Fiz minha parte. O espirito natalino continua vivo! Até a próxima.

sábado, 17 de junho de 2017

O celular caro

Pego uma jovem desesperada na rua, ansiedade a flor da pele. Aparentava não mais que 22 anos. Estávamos na Urca. A jovem me pergunta se aceito cartão de débito, respondo que sim. Ela precisava chegar rápido na barra, comprara um celular pra dar de presente via internet e só tinha uma peça na loja do DownTown. Fiz a minha parte, andei o mais rápido possível sempre ligado nos caças níqueis da indústria das multas. Chegando ao local o taxímetro marcava R$59,00 viemos bem, trânsito bom e papo agradável. Faltava 10 min pra loja fechar, durante percurso emprestei meu celular pra moça pois a mesma alegava que o dela estava sem bateria e eu não tinha o carregador no carro. Fez uso do meu aparelho pra falar com o vendedor da loja que a aguardasse pois já estava a caminho de táxi. Ao descer do carro foi direto pra loja e me deixou esperando. Imaginei que iria voltar comigo. Pra quem iria apenas pegar um celular 10 min de espera é um tanto exagerado, notei que alguns acessórios faziam parte de novas compras, melhor pro vendedor que esperou pela cliente e faturou mais. A moça retorna eu abro a porta do carro como de costume pra ela entrar e sou avisado que a viagem não prosseguiria, ela iria ficar no shopping pra aguardar uma pessoa. Ela me passa seu cartão pra cobrar a corrida no débito como previamente combinado. Mesmo o relógio já marcando R$65,00 devido a espera, cobrei pelo valor marcado na chegada e pra espanto geral da nação o cartão não passou!
- Moça não autorizado! ....
- Como assim! Eu tenho saldo na conta, será que não é problema na sua máquina?..., indaga-me a jovem.
- Não senhorita usei a máquina hoje normalmente.
- O senhor tem conta no Banco do Brasil eu te transfiro o dinheiro agora via aplicativo.
- Tenho sim, anota aí.
- í moço mas eu estou sem bateria,.....  (bendita tecnologia quando funciona)
- Já sei, vou pedir ao vendedor da loja pra dar uma carguinha só pra te pagar.
Voltamos pra loja já arreando as portas. Conectado no carregador a jovem liga seu celular  entra no app do banco e constata que está sem internet também..... ( hora do sorriso amarelo)
- Moço passa a senha do Wi-Fi da loja, pede a jovem.
-  Eu não posso dar a senha diz o vendedor, ordem da gerência. O máximo que posso fazer e colocar e depois retirar do seu aparelho.
A jovem da o celular ao vendedor ele põe a senha. ... Ufa! Agora vai, potência de internet ligado na tomada. ( Espectativa, ... eu ela e o vendedor olhando pra inicialização de um app de banco)
Nada feito. "Erro na operação" ... Essa era a mensagem dada pelo app do banco.
Aí começa aqueles papos de críticos da informática. Quando dou conta já estávamos falando de versões do Android, aparelho bom e ruim, banco que presta e que não presta, virou um debate na loja até com a presença do gerente e toda equipe de vendas. Todos interessados em saber como esse homem vai receber sua corrida.
Querendo resolver logo o problema lembrei-me do velho amigo que já me salvou muitas vezes. O cheque!
- Moça faz o seguinte me paga com um cheque!  ( Espectativa geral na loja)
- Eu não tenho cheque!!! ( Frustração geral)
De repente surge a solução esperada! ....
Se vocês correrem tem uma máquina 24h lá no fundo do shopping, diz o vendedor.
Lá fomos nós de passo apertado rumo ao caixa eletrônico.  A jovem coloca o cartão tenta fazer operação de saque e transferência e não consegue. Aí pra mim foi o limite. Percebi que a moça não tinha dinheiro mesmo. Estava aflita trocando mensagem com alguém via SMS com a pouca carga que deu no celular durante estada na loja. Alguma coisa não deu certo no planejamento dela pois a fúria era nítida no seu semblante.
- Como vamos resolver nosso problema? Já passa de 40 min desde que chegamos, vou pagar estacionamento e você precisa acertar comigo.
Então a jovem me pergunta se eu aceitaria cartão de crédito. Embora não tenha sido o combinado eu disse que aceitaria pra resolver o problema. Passei o cartão e recebi meu serviço. Notei que a preocupação da jovem aumentou mais ainda. Perguntei a ela se voltaria pra casa de táxi devido a hora, me respondeu que não. Ficou a dúvida porque tanta preocupação e nervosismo após me pagar e porquê não resolveu antes, já que ela sabia que estava sem dinheiro.
Até a próxima.

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sábado, 22 de abril de 2017

Renegado

Vinha devagar, observando a rua e fazendo minhas reflexões. Dois táxis a minha frente, ambos livres como eu. Observo um senhor no fim da rua a fazer sinal. Os dois táxis a minha frente não pararam, fiquei atento, observei. Era um senhor de idade com um copo na mão chapéu de couro estilo Lampião. A mão esticada esperando alguém parar. Parei pra ele. Homem bem simples, roupas maltrapilhas já embriagado. Senta na frente e pergunta se posso levá-lo a Feira de São Cristóvão. - "Claro que posso!". No caminho ouço o desabafo a dor e solidão de um catador de papel. Viúvo a 3 anos sem filhos e desprezado por familiares. A feira era seu refúgio pra extravasar, quem sabe até arrumar uma namorada!, - " Ele sorriu quando falei isso". O percurso foi bem curto, mas bom o suficiente pra escrever essas poucas linhas. Fiquei sem jeito de cobrar, ele fez questão de pagar, ainda elogiou o meu ar, dormiria no meu carro se tão caro não fosse ficar.
Não há aparência que não tenha uma história de vida por trás, tudo depende do nosso olhar.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Patrocínio do Táxi

Ontem devido ao tempo abafado, logo após o término do jogo Flamengo x Fluminense, resolvi tomar uma cerveja num bar próximo a minha casa. Ao chegar no local era óbvio o clima de zoação entre Tricolores e Flamenguistas, normal! faz parte do grande espetáculo que foi o jogo do clássico da paz. Quase no término da minha cerveja, chegam dois rapazes com camisa do Flamengo e perguntam ao dono do bar se aceita cartão de débito ou crédito. O dono do bar responde que sim. O jovem rapaz tira o cartão do bolso e pede uma garrafa de água com gás. - " Débito ou crédito meu jovem?" - "Débito!"... responde o jovem. Observo que o cartão não passou e percebo sua cara de sem graça. - "Não aprovado jovem!" ... diz o dono do bar. - " Tenta no Crédito!" ... pede novamente o jovem.... Mais uma vez o cartão não passa. Dessa vez o jovem me olhou e percebeu que estava acompanhando tudo, ficou sem graça diante do fato. Não satisfeito e com sede, ele chama o seu colega e pede pra passar o cartão dele. Sem sucesso! o cartão do colega também não passou nas duas opções..... "risos do dono do bar" - "Tá feia a coisa em amigo, além de perderem o jogo vão ficar com sede!!!!" ... brincou o dono do bar. Os jovens se justificam: - " Não cara, sabe o que foi, nós compramos os ingressos com cartão e andamos muito de UBER, o cara que nos trouxe agora não tinha água no carro!" Quando ouvi isso não me contive e me apresentei a ele. - "Boa noite meu jovem, ficar com sede é algo que muito me incomoda, como sou Flamenguista como você e também gosto muito de água com gás me ofereço a te pagar essa água" Pedi duas garrafas de água pro dono do bar e dei aos rapazes. Prontamente me agradecerem e começaram a falar do jogo comigo. Como não queria me alongar no assunto e já estava no fim da minha gelada disse a eles: - " Pois é rapaz, a UBER está patrocinando nosso time, você é usuário do serviço, o serviço e o motorista não tinham água pra te oferecer, diante de tudo isso posso te pedir uma coisa em troca à seu pedido de agradecimento?- " Pode, claro!" diz o jovem. .... - Não ande mais de UBER, porque se não, o taxista aqui não vai conseguir pagar mais nem minha cerveja quanto mais a sua água!" .... Ganhei um abraço e ganhei o meu dia.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Bastidores da Rio 2016

Hoje enquanto aguardava um cliente, consegui um ingresso para assistir a disputa de levantamento de peso nas Olimpíadas. Enquanto aguardava calmamente do lado de fora do pavilhão, observei dois americanos sentados no beiral da ponte do Rio Centro. Estavam lanchando. Ao término do lanche, sem nenhuma cerimônia, jogaram seu lixo no riacho que transpassa por dentro do pavilhão de exposições. Fiquei indignado com a cena, pois havia uma lata de lixo enorme a 50 mts de distância. Me dirigi a dois policiais da Guarda Nacional e relatei o ocorrido, os mesmos nada fizeram e se limitaram apenas a me dizer que iriam observar os dois para que não cometessem o ato novamente. Respondi a eles. Se eu como cidadão for até lá e arrumar uma confusão com os dois americanos e questioná-los, certamente seria preso por vocês e retirado do evento, certo? Resposta deles: " São as ordens que recebemos do COI" ... Pensei comigo. Realmente somos todos vira latas!

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Em plena Copa

Estava trafegando na Av. Nossa Senhora de Copacabana pela esquerda. Noto um grupo de quatro senhoras com malas na calçada. Outro táxi estava a minha frente e parou para as senhoras antes mesmo delas darem sinal. Parei atrás, dei seta para sair. Escuto uma delas ir até o motorista e diz a ele: " Desculpe senhor, mas precisamos de um táxi grande porque irão outras pessoas" Imediatamente fazem sinal pra mim. O motorista da frente olha por fora para trás e identifico que o mesmo era um colega de trabalho "Negro". Seu carro era pequeno e o meu é grande. Embarco duas das quatros senhoras rumo ao Galeão; pergunto onde iremos pegar as outras pessoas que se referiram ao carro da frente. Me respondem que estavam atrasadas e não iriam pegar ninguém. Pre senti em toda essa cena, duas mentiras; pro colega e pra eu. Esse é o ser humano, fugindo das suas mazelas e dos seus pre conceitos.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quanto vale um enterro?




Após a privatização dos cemitérios do Rio de Janeiro, uma coisa é certa. Ninguém consegue ser enterrado por menos de 3mil reais. Foi o que disse um agente funeral que transportei esses dias.
Não disse pra mim não. Disse para algum cliente que estava falando ao telefone. E disse muito mais!

Tratava-se de alguém que cometera suicídio em casa. Só que esse alguém tinha um seguro de vida e segundo o corretor funeral as seguradoras não pagam o prêmio em casos de suicídios. Imediatamente o homem liga para um médico do seu esquema de trabalho e avisa que tem um novo negócio e passaria por whatsapp o endereço que deveria ir para dar um laudo médico favorável a receber o seguro. Tudo acordado, o agente já liga pra um advogado preparar um contrato padrão que já iria passar em seguida para apanhá-lo e seguir para residência do óbito. Com todas as arestas acertadas, retorna a ligação para seu cliente avisando que estava tudo ceto. O preço do serviço seria 30% do valor do prêmio do seguro do falecido mais os custos funerais que seriam tratados pessoalmente.
Ambas as partes felizes e até o defunto creio eu, meu passageiro desceu do carro feliz da vida.
Diante de um fato desses o que dizer dos bastidores da política? Até a próxima.

domingo, 22 de junho de 2014

A guia cega

Estava eu em plena rua Figueiredo de Magalhães no centro de Copacabana. Sinal fechado, noite fria, rua fraca, sono batendo... percebo um casal me olhando. Vai querer táxi, óbvio! 
- " Moço, quanto dá um táxi até o Centro?, pergunta a senhora."
-  " Entre 30 e 35 reais que deve marcar o taxímetro, respondo. É pra senhora ou pro rapaz? . Pergunto ao perceber que ela usava uma crachá de guia turístico. 
O rapaz responde em espanhol: "para mí, señor". 
Retruco. O senhor vai me pagar o que o relógio marcar. 
A senhora guia me diz: - " Ele só pode pagar R$ 25,00".
- " 25,00 não dá senhora!"
- Então deixa pra lá, vamos tentar outro responde a senhora. Eles vão caminhando pela calçada e percebo que ela fofocou no ouvido dele que meu carro não era legalizado, meu telefone toca, encosto o carro pra atender a esposa. Não passou um táxi na hora. Fiquei pensando... quer saber, já está na hora de ir embora, centro da cidade é caminho de casa, melhor 25 na mão que arrependimento no coração. Vou em direção a eles e outro sinal fecha. A mesma senhora sem perceber me faz a mesma pergunta. O Espanhol retruca. Es el mismo taxista!!!! ( é o mesmo taxista)
Dou risadas..... e digo que o levo até o centro pelos R$25,00. Ele pega R$10,00 dá pra guia turística meio insatisfeito e entra no carro!!! Ela com a maior cara lavada e sem graça diz assim ao Espanhol: "Pode ir com ele tranquilo, só pelo sorriso que ele deu já vi que ele é super legal e de confiança!" rsrsrsrsrs 
Foram os R$10,00 mais engraçado que eu perdi até hoje!!!

Até a próxima.

domingo, 8 de setembro de 2013

AMOR PROIBIDO? MAS É AMOR.

                                                   




Era um jovem... fez sinal para eu parar. Quando parei, percebi que trazia consigo um casal de idosos. O velhinho parecia um vovó muito simpático; de boné a moda antiga e um óculos redondinho. A senhora, mais irritada um pouco, vinha com mais dificuldades, de braços dados com o rapaz.


Acomodados no carro, partimos em destino a rodoviária.


O papo se inicia e percebo que a vovozinha era cega, porém, muito comunicativa. O vovozinho, mais discreto, mostrava muito cuidado e carinho com sua companheira e acompanhava nosso papo. 
Ela me relata sua luta contra a cegueira na velhice, após três transplantes de córnia sem sucesso. 
Descobria uma nova técnica que poderia lhe devolver a visão através de uma prótese. Essa técnica chama-se cerato-prótese de Boston, mas poucos médicos dominam essa tecnologia no Brasil.
Ela começa a falar da sua vida, suas dificuldades com a cegueira, sua fé em Deus ( muito católica ) e a grande paciência que seu marido tinha com ela devido ao grande amor que tinham entre si.

Mais relaxado, o senhor entra na conversa. Tomo conhecimento que estava diante de um Doutor! graduado em Bio computação!, com trabalhos publicados e com grande contribuição ao projeto Genoma no Brasil, o cara é um crânio!. Fiquei impressionado com tamanho conhecimento e  autoridade que falava no assunto; aprendi muito com ele.

Foi então que contaram como se conheceram: 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A confiança


O dia estava nublado, ruas escorregadias e trânsito intenso. Passava por Botafogo quando avistei uma jovem com muitas malas. Pensei..... Aeroporto! Não deu outra. Parei, coloquei todas as malas e perguntei qual seria o aeroporto.
- Galeão, Sr. por favor! 
- Qual terminal senhorita?
- Terminal 1 Gol.
Engreno a marcha e saio ao destino. De repente! 
- Moço..moço! volta! esqueci o passaporte. Notei que minha passageira estava bastante ansiosa e nervosa. Voltei rápido. Ao parar na porta do seu prédio ela sai igual a um foguete. Fiquei no carro com toda sua bagagem e bolsa. Fiquei pensando na responsabilidade de ficar com tudo no meu carro e a confiança que ela teve em deixar tudo comigo, haja visto que nunca nos vimos na vida. Comecei a estranhar o tempo e a demora para subir ao apartamento somente para pegar um passaporte, já se passavam 10 minutos. Desci do carro  me dirigi ao porteiro relatando o fato e a estranheza da demora. Ficamos de papo por mais alguns minutos e o próprio porteiro começa a achar estranho a demora da moradora. Ele se propõe a subir até o apartamento para averiguar, pois a jovem não atendia sequer ao interfone.
Sobrou pra mim mais uma responsabilidade confiada pelo porteiro, tomar conta da portaria. O cara sobe, o carteiro chega, o medidor da luz, o entregador da farmácia, moradores e eu no meio da confusão congestionando a recepção sem saber os botões que precisavam ser apertados. - " Esperem aí que o porteiro já volta! dizia eu." A situação ficava cada vez mais apertada e estranha. O porteiro volta sem ter conseguido ser atendido também na porta. A moradora não respondia ou não estaria lá. Voltei pro meu carro e fiquei aguardando, ela teria que aparecer ou o caso seria de polícia.
Transportei esse episódio pro cotidiano de nossas vidas e fiquei pensando muito no sentido da confiança que depositamos em uma pessoa. Nos dias de hoje, aparentemente não se confia mais em ninguém, ou pelo menos em poucos. Mas há situações na vida que só a confiança é capaz de resolver uma questão, seja ela qual for; nos negócios, no trabalho, nos amigos, nas relações e nos sentimentos. Passamos por situações que precisamos nos jogar como essa criança na foto que se lança ao pai. Qual seria a decepção dessa criança se o pai não a esperasse quando ela se lançasse? Na cabeça dela não pairou nenhuma dúvida que seu pai à abraçaria. A pior coisa que pode haver numa relação de confiança é a dúvida. Quando confiamos em alguém não podemos deixar dúvida sobre isso. O contrário é a pior das decepções, pois quem se lança tem a esperança de encontrar à quem confiou, quebrar essa esperança é um ato de muita crueldade. 
Assim foi com essa passageira, que precisou e se lançou, confiou e teve a esperança de me encontrar quando ela voltasse. Quão seria sua decepção se ao voltar eu não mais estivesse! Assim são nossas vidas e nossas relações, um confiar e um se lançar constante, sabendo sempre que a possibilidade do engano e da decepção podem fazer parte do nosso cenário.
Após toda essa reflexão, não poderia deixar de fechar minha história relatando aos leitores o paradeiro da minha passageira. Não foi preciso chamar nem bombeiro nem polícia, sua demora se deu devido a uma grande crise intestinal; mas ela não perdeu o voo porque o piloto é bom....rs

Até a próxima.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Eu bebo sim!



A noite de trabalho estava muito boa! Fui engrenando de passageiro em passageiro, quando dei conta, já era!, virei a noite trabalhando, já eram 06 horas da manhã e eu tinha um passageiro marcado para às 09 horas. Eram dois turistas Sul Africanos que iriam fazer um city tour no Rio de Janeiro comigo. Pensei, - "Se eu for para casa dormir não vou conseguir acordar e certamente vou perder o serviço e ficar mal com o cliente, o que fiz? Fui direto para bem próximo do hotel em Copacabana e lá relaxei por algumas horas no carro.
Pontualidade mais que britânica, lá estavam meus dois passageiros na porta, um deles já havia feito um serviço comigo, acabou esquecendo seu celular no meu carro na época e consegui devolver para ele antes que embarcasse de volta para África do Sul, ganhei o cliente com isso e ele voltou.
Desta vez não veio a trabalho no Rio e trouxe a tira colo o seu chefe. Trabalham com importação de mármores e vendem no Brasil.
Passeamos pelas praias e depois fomos ao Pão de Açúcar, lá ficaram umas 3 horas e ao voltar quiseram conhecer uma favela e tomar cerveja.
O curioso disso tudo é que lá na África do Sul existe a segregação e como eles eram brancos nunca tinham entrado em uma favela.
Fui parar na favela do Jacarezinho, passei na casa de um amigo que morou lá por muitos anos e conhece todo mundo. Apesar de já estar pacificada sempre é bom ir com alguém conhecido. 
Quando lá chegamos, os caras ficaram abismados com o que viram, andamos pelas vielas da favela, policiais por toda a parte e muitos buracos de balas nas casas, lembranças da era do tráfico. 
Chegamos no bar chamado Rei do Gado e lá paramos para tomarem cerveja. Como estava a serviço me contive, mas meus amigos que foram, caíram na manguaça e os gringos adoraram a nossa cerveja. 
O dono do bar colocou um som porreta, com samba e pagode e mandou chamar duas passistas da escola de samba do Jacarezinho. Pronto o bloco tá formado! Os caras sambaram muito, adoraram! e beberam quase três caixas de cerveja LITRÃO! Imagina! festa no bar com gringo bancando, nossa mesa ficou vazia né?rs  Ficamos no morro até  20:00 da noite e meus olhos já pareciam que estavam cheio de terra de tanto sono! 
O mais engraçado foi a volta para o hotel, meus amigos e os gringos conversando totalmente bêbados, eles em inglês e meus amigos em português ( não falam inglês) eu dava muita risada, era muito cômico! Cheguei a conclusão que os bêbados se entendem perfeitamente independente do idioma! rsrsrskkkkk
Após deixar todos em seus destinos fiquei relaxado pelo dever cumprido e o sono estava me derrubando, não estava em condições alguma de guiar mais o carro e a prudência fala mais alto nessas horas. Escolhi um lugar seguro parei o carro e só acordei no dia seguinte. E vidinha dura essa nossa! Até a próxima.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O presente abandonado



Pra começar muito bem o ano compartilho com vocês amigos e leitores.

06:00 da manhã. Despertador me acorda. Levanto para mais uma jornada de trabalho.
Estava com uma corrida marcada às 07:00 no bairro de Laranjeiras.
Desço até meu carro, e faço toda rotina diária. Ligo o carro, espero esquentar, ligo o rádio na estação de notícias, me conecto na internet, vejo e-mails e mensagens para iniciar o dia.
A primeira mensagem que recebo é exatamente da passageira marcada cancelando o serviço. Putz...comecei mal, pensei. Tudo bem, vamos lá! Quem é do rolé sabe trabalhar. Lá fui eu.
Dia chuvoso no rio, cidade voltando a normalidade gradativamente. Fui até a rodoviária onde a probabilidade de pegar passageiro logo cedo é bem grande. Logo ele veio, um homem com cara de desesperado.
- " Amigo! preciso chegar no aeroporto em 20 minutos, será que dá?"
-  Vou fazer o possível companheiro, com essa chuva o transito está ruim.
Partimos e fomos conversando sobre a passagem de ano etc. Percebi que o rapaz estava bastante ansioso com medo de perder seu voo.
- Fica tranquilo irmão, acho que vamos chegar no horário, ( realmente estava bem apertado) confesso que o risco dele perder o voo era grande, falei isso pra confortá-lo. Fiz o que pude como profissional para ajudar o cara, mas precisava de prudência pois a pista estava escorregadia com a chuva.
O rapaz me disse que sempre passou pelo Rio em escalas de voo e nunca visitou a cidade a passeio. Não perdi a oportunidade de convidá-lo a fazer um City Tour na cidade assim que puder e sua aceitação foi positiva.
Bem próximos ao aeroporto, o rapaz me revelou que veio de um voo internacional com escala no Rio onde pegaria outro voo para outra cidade, a qual não me lembro se era São Paulo ou Curitiba. Ele passou pelo free shop e comprou whisky e champagne. Ao chegar na companhia de voo, foi informado que não poderia embarcar com caixa de bebidas. Ele tomou um táxi e foi até a rodoviária para tentar despachar as bebidas por uma transportadora. Ao chegar no local, a empresa de transportes não estava aberta e ele tentou enviar direto por um motorista da linha 1001. O motorista disse que não podia fazer isso, então ele tentou procurar uma agência do correio dentro da rodoviária e não achou. Quando viu a hora ficou desesperado com a perda do voo e tomado por um momento de panico ele simplesmente ABANDONOU em frente ao guichê  da transportadora que estava fechada as duas caixas de bebidas que havia comprado, ele abriu uma caixa , pegou 3 garrafas levou na mão e veio embora.
Já estávamos na porta do aeroporto e eu disse: - Cara uma caixa de whisky aberta na rodoviária a essa hora, já não deve ter mais nada, que doideira ! Ele me disse: - Quem achar que faça bom proveito! me pagou, me deu uma garrafa de presente e saiu correndo para não perder o voo. 
Quando sai com o carro, algo me disse, volta lá na rodoviária que esse presente é seu! Pensei...pensei...pensei...será que estaria lá do jeito que ele deixou?............ E não é que estava! 

sábado, 27 de outubro de 2012

O lixo e o esgoto nosso de cada dia


Olá amigos e leitores! Pra quem curte saúde e meio ambiente esse post é super informativo.

Peguei um grupo de sanitaristas Suecos que estão em um projeto com o núcleo de estudos sanitários e ambientais da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Nosso destino era o aterro sanitário de Seropédica no interior do Rio. Eles queriam conhecer e estudar o modelo do nosso aterro sanitário que é tido como exemplar (http://www.ciclusambiental.com.br).
Sabem porque eles vieram ao Brasil conhecer nosso aterro sanitário?....... Simples!, na Suécia não mais existem aterros sanitários. Para esses pesquisadores Suecos que já nasceram na cultura do 100% reciclado e da energia extraída do lixo, conhecer todas as etapas da formação de um aterro sanitário, só mesmo vindo ao nosso país!.......... Caraca! nosso aterro acabou de ser inaugurado é tido como modelo e já estamos atrasados!..... Socorro!
Confesso que não entendi nada, mas, depois que o papo foi rolando comecei a entender tudo que acontece nos bastidores da indústria do lixo e vou contar para vocês.
A parte engraçada dessa viajem era um dos Suecos que tinha um cacuete nos olhos e um pigarro interminável na sua garganta. Imaginem viajar com um cara o tempo todo piscando os olhos e fazendo Aham! Aham! Aham! eu me segurava para não olhar para ele, era risada na certa.
Ao chegarmos no aterro, fiquei aguardando a visita deles, aproveitei para fazer uma pequena filmagem das carretas que chegam no aterro para jogar todo lixo que produzimos. Vejam:
São quinhentas carretas como essa que chegam diariamente ao aterro de Seropédica.
Conversando com os funcionários, "descobri" que todos esses caminhões não pertencem a Prefeitura do Rio, só uma pequeníssima parte, inclusive os que pegam os nossos lixos residenciais. ( constatei o que todos já deviam saber)  Somente duas empresas monopolizam o transporte de lixo no Rio, todas as outras fazem contrato de terceirização com as duas principais.
Já fizeram as contas da lucratividade que é transportar lixo? Pois é, já teve até prefeito assassinado por isso, lembram?
Voltando a parte ambiental e sanitária da matéria, tomei conhecimento através dos coordenadores do projeto da UERJ, que o maior problema que estamos enfrentando nos esgotos lançados nos rios e mares é a alta concentração de remédios. Isso mesmo, remédios, químicas e hormônios. Tudo que tomamos e não metabolizamos no corpo é excretado em nossa urina e fezes e vão parar nos rios e lagos e absolvidos pelos peixes, e flora.
Tenho uma passageira que trabalha na Petrobrás no setor de química e meio ambiente da empresa. Ela me contou que monitoram os peixes da Baia da Guanabara e já foram encontrados espécies hermafroditas e sem sexo, isso ocorre  devido a concentração de progesterona e testosterona absorvidos pelos peixes. Um dos maiores contribuidores são as pílulas anticoncepcionais. Com o tempo algumas espécies irão desaparecer, por não poderem mais reproduzir, diz minha passageira. Chego a conclusão que tanto hormônio e químicas como, estabilizante, conservante, corante, acidulante, flavorizantes e todos os "ante" da vida que ingerimos diariamente é a porta de entrada do câncer que assola o ser humano, e outras aberrações que estão acontecendo na sociedade. Quero ir pra roça, viver com bichinhos, plantar, comer e ser feliz!

Nossos amigos Suecos contaram que lá, todo lixo é reciclado, a coleta é feita separadamente e toda a população coloca tudo separado, não fazer isso significa uma multa muito pesada. Eles produzem energia com a queima do lixo e suas usinas possuem filtros de ar poderosos para não poluir o ar. Chegam ao ponto de comprar lixo de outros países e o mínimo de resido que fica é tratado para servir de adubo pra terra.
Viram só, igualzinho ao Brasil! Aham! Aham! até a próxima

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Já que não podemos beber, vamos fumar e cheirar



É isso mesmo caro leitor. O título da postagem foi a frase dita por um grupo de jovens que transportei nesse final de semana. 
Estavam todos doidões, fumados e cheirados, dito por eles mesmos. Eram jovens de classe média de muita boa aparência.
Já que a Lei Seca ficará cada vez mais rígida de acordo com projetos que estão tramitando no congresso, beber e dirigir, será cada vez mais difícil manter esse hábito. 
Diante desse quadro, os jovens mais liberais estão começando a usar esse bordão que trago como título da postagem. Aqui no Rio de Janeiro essa lei pegou, quase todos os dias temos a equipe da Lei Seca nas ruas realizando seu trabalho exemplar. Mas..., como fica a questão das drogas? O jovem que não beber uma gota de álcool, mas cheirar cocaína e fumar um baseado vai poder pegar seu carro numa boa? Essa é a questão que levanto e trago ao debate!. Podemos de alguma forma inserir na lei seca, tolerância zero também no uso de drogas?. Aí sim a lei estará completa, sem álcool, e sem qualquer tipo de droga. 
Mas pelo visto, não vejo interesse em nenhum parlamentar em meter a mão nessa cumbuca, Porque será hein!? Alguma sugestão caro leitor?

sábado, 24 de dezembro de 2011

O dia da PORRADARIA !

                                          


Olá amigos e leitores!
Nada como um dia após o outro não é mesmo! Pois é! Depois de uma semana muito boa de trabalho na qual tive o prazer de conhecer mais uma cliente internauta que veio lá de Santos com sua família e amigos em um cruzeiro marítimo, a qual, fiquei meio dia a sua disposição para mostrar-lhe as maravilhas da cidade do Rio de Janeiro, voltamos as origens! e como não poderia deixar de ser, aqui vai dois relatos ocorridos; TODOS! no mesmo dia de trabalho, ou melhor, na mesma madrugada carioca!

Estava passando pela zona sul carioca enfrente a uma boate GLBT famosa de Ipanema, quando 4 "rapazes" rsrs solicitaram meus serviços. Parei, peguei a informação do destino da corrida e fiquei aguardando o quinto colega pagar sua conta dentro da boate para seguirmos destino.
Carro tripulado e florido! Lá vamos nós rumo ao Leme. O pessoal era de um ótimo astral, piadas e encarnações entre eles e comigo o tempo todo! Faz parte do trabalho! temos que levar na esportiva. 
Bem próximo ao destino, um carro I 30 da marca Hyundai branco, cuja placa até anotei, mas infelizmente perdi o papel, ficou parado do meu lado observando meu carro e os "rapazes" que transportava. Vocês hão de convir comigo que ninguém vai ficar encarando ninguém em plena madrugada carioca quando não há nenhuma intensão prevista a ser realizada. Pois bem, o querido passageiro que ao meu lado estava comentou com os demais colegas que o cara do outro carro era um gatinho! e imediatamente mandou um beijo e falou umas gracinhas pro cara! Aí começou o problema! o cara não gostou e começou a nos seguir. Percebi a manobra dele e avisei aos "rapazes" que iriamos ter problemas, como já estávamos próximo ao destino, conclui meu trajeto e parei o carro na porta do prédio. O cara logo atrás desceu do carro aos berros, junto com seu colega motorista (um marombado) e perguntou: - Quem era "viado" aqui?  Ta mandando beijo pra macho rapá! ... se prepara que vou meter porrada em todo mundo agora! e vamos ver quem é o macho da parada! A confusão tava formada e eu de gaiato no meio dela! o cara que mexeu não descia do meu carro e nem pagava minha corrida! o bati-boca começou, falação geral, vizinhança aparecendo na janela, porteiros saindo do prédio e eu aguardando duas coisas: Meu dinheiro, e um troca troca na porrada! Como sou da paz e evito ao máximo qualquer tipo de briga, fiquei alerta! afinal de contas, dentro do meu carro o único hetero sexual era Eu! Estava preparado pro que der e vier! Uma coisa era certa! a briga ia ser muito boa! 
Como em toda discução tem a turma do deixa disso! o sangue foi esfriando.... e o valentão começou a se acalmar. 
Recebi minha corrida e quando fui manobrar o carro, um dos "rapazes" já dentro do prédio, volta a provocar o "machão" que enfurecido tenta pular o portão pra pegar os caras! - Também não é pra menos! mexeram com a mãe do cara que não tinha nada a ver com a história! erraram feio e perderam a razão ao meu ver.
O porteiro do prédio pegou alguma coisa pra tacar no cara, não vi bem o que era, parecia um facão, foi quando o cara resolveu ir embora definitivamente. 

Quando saí dali, continuei minha jornada de trabalho e fui ao centro da cidade. Sabia que estava rolando uma  festa de formatura lá no centro de convenções da Cidade Nova e teria muitos passageiros por lá. 
Ao chegar no local, constato que a festa acabara de acabar, muita gente saindo ao mesmo tempo e a disputa por táxi era grande! Quando de repente! começou uma briga DESCOMUNAL entre os jovens! não sabia dizer como, onde, e de que forma começou! Era porrada pra tudo que era lado! Crocodilagem! 5 contra 1 etc..etc... e eu mais uma vez, de gaiato na parada! pessoas pulando sobre o meu carro! usando o carro como escudo e eu querendo sair do local e não conseguia, poderia atropelar muitas pessoas ali. Fiquei parado esperando a oportunidade de sair. Mas cometi uma grande falha!!! Imperdoável para um taxista! Esqueci de travar as portas! Quando de repente ela se abre e uma MANADA DE JOVENS entram no meu carro para fazerem FUGA! - " Sai piloto!" tira a gente daqui!"  Era gente com olho roxo, corte na cara, etc.etc... 
Consegui sair do tumulto com a molecada, eram uns 8 dentro do meu carro! Loucura total !!! Já em local mais seguro! a garotada saiu e fiz a minha corrida normalmente só para os dois que tinham dinheiro pra pagar.... é mole! Além de me usarem como fuga! ainda queriam que os levasse de Graça pra casa!!!  
Por hoje é só! Fui pra casa e dormi!

domingo, 14 de agosto de 2011

Pai foge do hospício para encontrar filha no dia dos pais



Dia dos pais.... um dia como qualquer outro se não fosse o apelo da tradição ao comércio.
Parabéns a nós, pais, que lutamos e amamos à nossa maneira. As vezes somos incompreendidos, as vezes exageramos, as vezes cansamos, as vezes erramos, as vezes choramos.
O homem que chora, busca na sua fraqueza a sua fortaleza e nesse paradigma inicio minha história de hoje.
Estava no banho, disposto a não trabalhar no dia de hoje! Vou tirar o dia para ficar com meus filhos, penso eu!
Toca meu telefone, é um passageiro pedindo um serviço para um conhecido seu. Disse que não trabalharia no dia de hoje, mas, atenderia somente a pedido de amigos, era o fato em questão.
Saio da minha casa logo cedo, eram 08:30. Chego na casa do amigo que me apresenta o meu passageiro! Trata-se do Sr. Luciano! um senhor com semblante sofrido, parecia meio aéreo, aparentando uns 70 anos. Meu amigo me diz que Sr. Luciano saiu de casa na sexta feira a noite e o levaram para um hospício. O homem estava totalmente dopado de psicotrópicos e precisava ir para casa em São João de Merití.
Inicio minha viagem, vou conversando com Sr. Luciano e percebo em sua pessoa uma grande solidão! Ele me relata que conseguiu fugir na madrugada da clínica que deixaram ele, estava sem dinheiro e meu conhecido havia emprestado uma grana para poder pagar o táxi e comprar umas coisas no domingo. Seu desejo era encontrar a filha no dia dos pais. Seu Luciano me relata sua vida, com muitas histórias para contar, afinal de contas sua estrada é bem maior que a minha. Mas o que mais me tocou foi sua solidão e tristeza amorosa. Meu passageiro não me pareceu realmente uma pessoa 100% equilibrada, mas tinha uma alma boa, um bom sujeito, foi quando começa a cantar músicas de sua autoria para mim, várias músicas, todas muito boas e com letras muito profundas, estava diante de um verdadeiro poeta. Transcrevo para vocês uma de suas músicas, segundo ele, feita depois de uma grande decepção amorosa. Segue a letra e logo abaixo o arquivo contendo o áudio que gravei com ele, assim que chegamos a sua casa!

NÃO PRECISAVA CHEGAR A TANTO! NEM FINGIR QUE ME AMAVA!

MEU CORAÇÃO DIZIA! ELA VAI FAZER VOCÊ SOFRER.

EU RESPONDIA É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO QUANDO ELA SENTIR COMO É BOM AMAR.

MAS SE EXISTE O PERDÃO, O PASSADO É UMA PRISÃO E O CORAÇÃO NÃO PARA DE CHORAR!

E DE TANTA DOR TRISTEZA E SOLIDÃO, CLAMA!! VÁ EMBORA E ME ABANDONE!!

Sr Luciano by personaltaxi


Pois bem caro leitor, após gravar esse episódio com meu passageiro, e verificar o estado de abandono e solidão que vive esse homem em sua casa, posso garantir a todos vocês. Não se sentir amado e não amar é o pior cárcere que uma alma pode ter! Essa é a maior arma do inimigo para levar o ser humano a destruição total
Até a próxima 




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um baralho do C..........

                                    

Dia agitado.... muitas coisas para resolver! Pouco trabalho! pista ruim como nós dizemos.
Derrepente, toca o celular. Meu cliente precisa de um serviço urgente! Vou até uma gráfica para apanhar um serviço de confecção de jogos de baralho. Eram muitos baralhos que estavam impressos com a grife de uma grande loja de moda. Serão usados como brindes no dia dos pais que se aproxima, mas havia a necessidade de manipulação do material para formar todos os jogos, o que dá um trabalho enorme, pois a impressão é contínua e o baralho é diversificado, com muitos naipes e números diferentes, o processo de separação é bem complicado.
Pois bem, cheguei no destino com a incumbência de pegar todo o material para ser levado ao meu cliente com a máxima urgência!
Enchi meu carro com o material (baralho) todos empacotados, a mala foi cheia e o banco traseiro também. A correria era tamanha, tinha horário para chegar. Coloquei tudo no carro e arranquei rumo ao destino. 
Ao entrar quente numa curva, me deparo com uma viatura da polícia civil me seguindo, ao olhar pelo retrovisor percebi que minha mala estava aberta para meu susto!.
Parei o carro e desci para fechá-la. Quando o policial me abordou. - " O que o Sr. está carregando aí meu amigo?" 
- "Baralhos, disse eu!" O policial checou a veracidade da minha afirmação e me deu um dado que ainda não havia percebido.
- "Meu senhor, seu porta malas abriu e um desses pacotes se espatifou lá atrás, volta lá porque esse baralho já virou uma canastra!" 
Foi quando olhei para trás e vi um monte de cartas de baralho voando pela rua e o pacote rasgado no meio da rua com os carros desviando!
Gritei.... Caralho!!!!!!! não tinha outro termo a dizer nesse momento. Voltei correndo para apanhar as cartas. Os carros passando, eu apanhando as cartas e mais cartas voando!!, foi uma cena hilária. Quanto mais cartas eu pegava, mais cartas voavam do pacote rasgado; dava pra formar vários grupos de buraco ou sueca pra começar uma partidinha, de tanta carta que voava! Até que uma mulher bem humilde de bebê de colo, parou para me ajudar. Ela colocou o bebê sentadinho na calçada e começou a juntar as cartas junto comigo. Confesso que fiquei mais preocupado com o bebe nesse momento do que com as cartas voadoras. No final tudo deu certo, peguei todas as cartas e dei uma carona a pobre senhora que me ajudara!  Ah... os pobres...sempre os pobres...! Ajudando e compartilhando o que tem e o que não tem!! Paz e Bem, até próxima

domingo, 5 de junho de 2011

A Solidão tem consolo?


Costumo dizer que as relações humanas é o maior aprendizado da vida, da Filosofia e da espiritualidade, nela aprendemos e crescemos como indivíduos e por elas somos capazes de ajudar e transformar as pessoas. Essas relações e trocas de experiências fazem a parte gratificante do meu trabalho no táxi.
Faço essa pequena introdução para compartilhar com vocês mais uma história no meu carro.

Trata-se de uma senhora aparentando uns 53 anos de idade. Peguei minha passageira na praça Sanz Pena rumo ao bairro do Flamengo, educada e simpática iniciamos nossa viajem de uma forma bem formal. Ela me conta que vai dormir na casa de uma amiga pois mora em Teresópolis e ministraria uma palestra sobre meio ambiente no dia seguinte logo cedo em uma escola de Santa Cruz, por estar cansada do trabalho, o esforço de viajar e ter que acordar muito cedo para voltar ao Rio levaram-na a tomar essa atitude.
Eu lhe pergunto: - A senhora não tem nenhum parente no Rio?
- Não meu senhor, eu sou sozinha nesse mundo!.
- Sozinha! como assim? - Não tenho ninguém na vida meu senhor, só amigos de trabalho e vizinhos onde moro. Não tenho família!. Perdi meu pai e meu marido no mesmo ano há 4 anos atrás e a 2 anos perdi a minha mãe. Sou filha de pais filho único, meu marido era filho único de pais falecidos e não tive filhos no meu matrimonio.
Quando ouvi esse relato, fiquei comovido, olhei para minha passageira e percebi uma grande tristeza dentro de si. Minha passageira mostrava um rosto solitário, triste e um tanto depressivo. Percebi que era a hora de entrar em ação e dar uma palavra de alegria, mexer com seus brios e mostrá-la que a vida continua e não poderia ficar lamentando os fatos que mexeram com sua vida. Entendo que a situação dela é bem peculiar e muito difícil de se administrar, mas a única coisa capaz de mudar a situação dela é o AMOR. E foi por onde eu ataquei.
- Minha senhora! onde está o seu namorado? - Namorado moço!! não penso mais nisso!!
- Porque minha senhora! afinal de contas você está viva!! A senhora não é uma mulher feia!! o sangue pulsa!! a senhora tem sentimentos!! tem saúde!! está em atividade plena!! porque se fechar para o mundo e não encontrar um companheiro e viver uma nova relação? A senhora pode!! a Senhora deve!! e Deus quer isso para senhora!! Deus não quer ver ninguém triste no mundo senhora!! a tristeza não é de Deus!! Deus é amor e alegria!! Abra seu coração!! saia com os amigos e Deus vai providenciar um novo amor pra senhora!! Minha senhora, me perdoe a franqueza e com todo o respeito que devo ter a senhora, você ainda é uma pessoa bonita!! " (e realmente  era! só precisava ver isso nela mesma) entendo sua tristeza em ter perdido seus familiares, mas o que vou lhe dizer é muito duro, mas é preciso que ouça! Quem morreu foram eles!! a senhora ainda vive!! viva a vida e desfrute o que Deus tem para lhe dar!!
 Falei tudo isso com o máximo de entusiasmo!
Imediatamente percebo lágrimas correrem pelo rosto da minha passageira, quando ela me faz a pergunta: - O senhor acha mesmo isso? - Acho não minha senhora...tenho certeza do que estou falando! Abra seu coração e tenha a certeza que um novo amor vai surgir na sua vida! a senhora vai achar um companheiro com uma boa família e esta, será sua nova família!!
Para mim, família nada mais é do que a reunião de pessoas que se amam e praticam o amor entre si! Isso basta!!
O que não pode é a senhora ficar achando que o mundo acabou após a morte de seus familiares. O ser humano não nasceu para viver só!! e a sua solidão não faz bem a senhora!! 
Era exatamente isso que faltava a minha passageira! percebi que seu astral mudou, suas lágrimas revelaram a sua carência! e um pequeno sorriso brotou em seu rosto.
Chegamos ao local de destino e minha passageira desceu do carro agradecendo muito as palavras que ouviu. Quando ela partiu, fiquei observando-a e sentí que fiz minha boa ação, uma boa obra no seu coração. Esse sentimento de missão cumprida vendo minha passageira sumindo pelo corredor do prédio, levaram os meus olhos a lacrimejar!
Até a próxima

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sindrome de Wellington. Porque as pessoas mudam?


Não poderia ser diferente!!. Durante toda a semana após o assassinato na escola de Realengo, este assunto foi pauta dentro do meu táxi, todos os passageiros comentavam o caso comigo, cada um com a sua opinião. Vou relatar para vocês o mais curioso e um bem comico.

O fato real é que o Jovem Wellington passou a ser caso de estudos em vários níveis. Psicólogos, Psiquiatras, Neurologistas, Terapeutas, Teólogos, Peritos Criminais e de Segurança, Psicanalistas, Neuro linguistas e Políticos oportunistas de plantão são as áreas que mais se interessam pelo caso Wellington.

Uma das passageiras que transportei nesta época era uma psicóloga brasileira que reside na França, estava de férias no Rio e seu chefe ligou de Paris para verificar a possibilidade de ter acesso aos manuscritos do rapaz para  estudos grafotécnicos de sua caligrafia. 
Esta psicóloga conversou muito comigo, me pareceu uma profissional de alto gabarito, ela me explicou que este caso deve ter inúmeras defesas de teses com o passar do tempo. 
Com os avanços dos estudos sobre sua cabeça, mente e personalidade, ela chegou a antecipar um possível nome de batismo para esses estudos, como: "síndrome de Wellington". Ela acha particularmente que não vão enterrar esse rapaz, haja visto que sua família não requereu o corpo que se encontra embalsamado no IML do RJ. - " Estão esperando o caso esfriar, cair no esquecimento, pois com certeza tem muitos estudiosos querendo ter acesso ao  cérebro do rapaz e isso gera grana!!! em se tratando de Grana no Brasil já viram como é, o cara deve ser vendido ou até leiloado por baixo dos panos". 
Já imaginaram como seria um leilão desses! " Quem dá mais pelo Wellington....!" a cabeça é a parte mais valiosa senhores, será vendida separadamente!! Dou lhe uma...dou lhe duas... !! Vendida para a Universidade de neurologia dos EUA!!!
Parece ridículo e surreal mas isso existe!! afirmou minha passageira.
Outra coisa que conversamos que fiquei bem impressionado, foi ela ter me revelado que as pessoas podem sim mudar sua forma de pensar e agir com o passar do tempo. - " Somos frutos de uma sociedade dinâmica, diversa e plural, fazemos parte de um meio cheio de injustiças e desequilíbrios que podem sim afetar nossas mentes. Não é somente o corpo que adoece com Gripes, Dengues, Infartos, Canceres, Aids, Pneumonias, Tuberculoses etc..etc.. nossa cabeça também adoece e podemos sim!, ser influenciados por fatores externos que mexem com a química do nosso psi-quê neurológico e psicológico. Por isso! afirmou ela, as pessoas mudam sim!!, o ser humano pode mudar para melhor ou para pior.Todo nosso equilíbrio está contido em 6 pilares: Trabalho (digno e bem remunerado), Saúde e Lazer (bem comum a todos), Sociabilidade (família, amigos e sua individualidade), Espiritualidade( a caridade e o transcendente) e Amor...muito amor( O ser humano não pode viver isolado precisa viver seu amor)!"
Essas são as bases de uma sociedade perfeita e equilibrada segundo esta psicóloga que transportei, quando uma dessas bases falta ou é vivenciada em excesso ocorre um desequilíbrio interpessoal acarretando ao que ela chama de transtorno de carga na personalidade!! e o pior de tudo isso, é que o principal vigilante do equilíbrio a ser atingido somos nós mesmos!! Gostaram? Eu aprendi muito com ela. 

Agora como de costume vem o lado cômico dessa história. No fim de semana seguinte a chacina da escola de realengo, eu peguei 4 jovens rapazes saindo de uma boate. Estavam animadíssimos, rindo a toa e chapadões claro!!! Como sempre, um encarnando no outro, quem pegou mais mulher do que o outro, etc..etc..
Quando de repente o mais atirado deles soltou uma frase, já citada por mim, acima, dita pela psicóloga. Ele explicava aos colegas como foi que conquistou várias meninas na boate e ficou com elas. Inovou no que chamamos de quebra gelo para aproximar-se das gatinhas e tentar ganhar o primeiro sorriso delas. Essa foi a fórmula dele: - " E aí gata boa noite! tudo bem? estou te observando um tempão na boate, mas sabe como é...eu sou extremamente tímido, mas tomei coragem de chegar até você, isso pra mim é muito difícil. gata.!!.sabe o que é..:" Quer ficar comigo hoje?" Dependendo da resposta da garota ele emendava a seguinte frase: " Pô não me despreza não gata!!!...viu o que o maluco de realengo fez!!! Eu sofro de síndrome de Wellington!!!! não me despreza que depois eu mato!!!!" 
Foi uma gargalhada só no meu carro!!!. Segundo ele, o saldo foi positivo, umas meninas levaram na esportiva e o papo rolou, outras caíram fora, chamando o cara de doido!!!! Coisas de jovem....rsrsrsrsr  Até a próxima!!

sábado, 19 de março de 2011

Vovó é garfada pelo neto e seus próprios filhos!!!


Parece mentira, mas é a pura verdade. Jamais iria imaginar que presenciaria uma cena tão brutal e deprimente dentro do meu carro na manhã de ontem!
O que vi, foi literalmente um assalto dentro do meu táxi! 
Confesso que tive a vontade de chamar a polícia, pois o nível da agressão verbal era tamanho que tive que pedir para pararem com a discussão, caso contrário todos iriam descer do meu carro.
É uma história triste e real ao mesmo tempo, que não poderia deixar passar em branco e postar para meus leitores.
Peguei essa senhora viúva na porta de um banco na zona sul da cidade do Rio, aparentava uns 80 anos de idade! rosto sofrido! andava devagar, mas bem lúcida.! Sentou-se no banco da frente e seu neto, sua filha e filho foram no banco de trás. A pobre senhora começa dizendo que não podia ficar com pouco dinheiro esse mês pois tinha que pagar o pedreiro e o eletricista que fizeram uns concertos em sua casa. Sem pestanejar, seu neto, um garoto de aproximadamente 20 anos tomou a bolsa a força da pobre senhora e começou a dividir o dinheiro de seu pagamento dentro do carro! - " 2 mil pra mim, 1500 pra senhora mamãe, Tio o senhor leva 2 mil também." 
Aí começou a confusão, o tio queria levar mais, pois tinha gastos elevados esse mês no cartão a irmã também queria mais porque estava de viajem marcada com as amigas. 
Quem era o dono da situação era o Neto, ele dava as ordens num tom bem autoritário.
A pobre velhinha indefesa começa a me contar seu drama! 
- " Todo mês é isso motorista, eles levam meu dinheiro todo! Ninguém quer nada com a hora do Brasil, tudo nas minhas costas! Ninguém trabalha...ninguém estuda...só ficam de boa vida na pensão da velha! 
Enquanto ela me contava sua história, eles ficavam discutindo entre si e mandando a velha calar a boca o tempo todo! - " cala boca vovó, cala boca mãe!" era só o que eu escutava!!
A pobre senhora é dona de uma ótima pensão de R$9.500 mas já estava endividada nos empréstimos por causa dos filhos e do neto, e sua saúde segundo ela já está ficando debilitada. 
- " O fim deles quando eu morrer vai ser triste, dizia ela!" 
- " Que nada vovó...a senhora vai viver no mínimo mais uns 10 anos, dizia o neto!"
Confesso a vocês, que fiquei muito chocado com tudo que presenciei, fiquei com muita pena da pobre senhora!
Se existisse conselho tutelar para idoso, essa seria uma boa causa, pois estava diante de uma senhora literalmente explorada por seus familiares. Acho que muitas famílias do nosso país passam por situações semelhantes, talvez o Rio de Janeiro tenha essa característica a mais em relação a outros estados, pois já fomos capital do Brasil e o número de funcionários públicos aquí é muito grande. Só para lembrar a pensão da pobre vovó é federal.
Até a próxima

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- Cientista Político - Graduado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO - Colaborador do ECOPOL - Núcleo de estudos econômicos e políticas públicas, nas relações entre Capital e Estado (Nelutas - UNIRIO)

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