Vinha devagar, observando a rua e fazendo minhas reflexões. Dois táxis a minha frente, ambos livres como eu. Observo um senhor no fim da rua a fazer sinal. Os dois táxis a minha frente não pararam, fiquei atento, observei. Era um senhor de idade com um copo na mão chapéu de couro estilo Lampião. A mão esticada esperando alguém parar. Parei pra ele. Homem bem simples, roupas maltrapilhas já embriagado. Senta na frente e pergunta se posso levá-lo a Feira de São Cristóvão. - "Claro que posso!". No caminho ouço o desabafo a dor e solidão de um catador de papel. Viúvo a 3 anos sem filhos e desprezado por familiares. A feira era seu refúgio pra extravasar, quem sabe até arrumar uma namorada!, - " Ele sorriu quando falei isso". O percurso foi bem curto, mas bom o suficiente pra escrever essas poucas linhas. Fiquei sem jeito de cobrar, ele fez questão de pagar, ainda elogiou o meu ar, dormiria no meu carro se tão caro não fosse ficar.
Não há aparência que não tenha uma história de vida por trás, tudo depende do nosso olhar.